A Dimensão Lúdica da Dança

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A dimensão lúdica da dança pode abranger desde uma simples ida a uma discoteca até à inscrição

para a prática regular de dança num ginásio, numa academia de exercício ou num health club. A finalidade assenta na ocupação dos tempos livres de forma ativa e saudável, visando a melhoria da condição física, dos níveis de bem-estar e de autoestima, através da dança.

Nem objetivos artísticos, nem educativos, nem terapêuticos. Apenas o desfrutar da dança como um divertimento que pode ser uma maneira saudável de ocupação dos tempos livres. Por isso a população-alvo compõe-se de  trabalhadores e de estudantes que fora do horário laboral ou escolar, podem usar esta atividade, como muitas outras obviamente, no preenchimento dos seus tempos livres. De uma forma mais ou menos organizada as propostas de dança numa perspetiva de exercício e saúde vão surgindo nas mais diversas instituições, desde as empresas e outros locais de trabalho, ginásios, academias, escolas e até prisões, procurando não apenas o pós-laboral, normalmente a partir das 18h, mas também na hora do almoço ou no período que antecede o início do trabalho ou das aulas.

A concorrência é forte, porque existem muitas outras formas de atividade física que podem cumprir estes objetivos de melhoria da condição física e às vezes com vantagem relativamente à dança, nomeadamente no objetivo específico de reduzir a percentagem de massa gorda corporal. As bailarinas têm esse perfil linear mas isso deve-se a uma seleção “natural” digamos assim, a muitas horas de atividade diária, moderada na sua maioria mas muito prolongada (normalmente seis horas diárias), ao que se associa em muitos casos, uma restrição calórica ao nível da ingestão de alimentos. Com sessões de uma hora, duas a três vezes por semana, é impossível atingir aqueles perfis morfológicos.

Mas como nem todos gostam de correr, de nadar ou de andar de bicicleta, existe sempre a possibilidade de gostarem de dançar. Mas tal como nas outras dimensões atrás referidas, também nesta existe ainda muito para fazer. O problema parece estar mais do lado da oferta do que da procura. Que programas de dança temos para oferecer a esta população que gosta de dançar? Enquanto não se encontrarem programas de dança desenhados especificamente para este público-alvo, que cumpram as suas necessidades e os seus objetivos, de dança numa perspetiva de saúde, eles (quer dizer, mais elas do que eles) vão-se perdendo entre a aeróbica, o step, o pilates, a zumba ou outra moda qualquer, aparentada à dança mas longe da dança e do melhor que a dança lhes pode oferecer. O ballet para adultos, ou a barra no chão são algumas propostas interessantes, mas não podem ser dadas tal e qual, ou seja, terão de ser adaptadas do ponto de vista fisiológico se quisermos atingir os objetivos pretendidos para esta população, nomeadamente através da manipulação do rácio esforço/recuperação e de outras variáveis de gestão da carga (duração, intensidade, complexidade dos exercícios). Para além disso, é preciso ir ao encontro dos potenciais interessados noutras formas de dança, para além do ballet, encontrando propostas em cada forma de dança que correspondam aos anseios e ao espírito desta dimensão: muito ludismo ativo e muita animação.