Outras Profissões da Dança

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Para além das profissões de bailarino, coreógrafo e ensaiador, existem obviamente outras profissões ligadas à dança e às suas necessidades específicas.

Mantendo-nos ainda no domínio da produção de espetáculos de dança. O design de luzes para dançar, o design de figurinos para dançar, para dar apenas dois exemplos, têm especificidades que exigem uma especialização mas também uma formação geral, fora da dança, em design de moda ou design de luz. Por isso, um dia designei no domínio da dança, as profissões de bailarino e de coreógrafo como “puras” e as outras como “menos puras”. Mesmo as primeiras ganham em ser contaminadas com um conjunto vasto de conhecimentos que não são específicos da dança.

Vou dar um exemplo a ver se me explico melhor: crítico de dança. A sua função é escrever sobre as performances de dança. Em condições ideais deveriam “saber de dança” e em simultâneo “saber escrever”, ou seja “saber escrever sobre dança”. Porque são tão raros os casos em que isso acontece? Primeiro, pela própria natureza do objeto, a dança não se opõe à palavra, mas afasta-se dela e por vezes até a substitui com algum ganho. Depois os jornalistas que se aproximam do fenómeno, chamados de jornalistas culturais a par dos jornalistas desportivos ou dos que tratam a política nacional ou a internacional, fazem normalmente os espetáculos musicais, as óperas e já agora porque não o bailado e olham para a música, para o libreto quando existe, para as biografias dos participantes mas normalmente afastam-se do essencial da performance da dança: o movimento. Normalmente escrevem bem mas não escrevem sobre a dança. No lado oposto, temos os que até podem saber de dança, mas escrevem com os pés, escrevem mal porque não têm a formação nem a tarimba dos jornalistas. Conclusão: o crítico de dança, deve ser antes do mais um jornalista. Tudo o que ele souber sobre dança, e há muito para saber, permitirá exercer essa função com a eficácia desejada.

O mesmo se aplica, do meu ponto de vista às outras profissões menos puras, chamemos-lhe assim. O dançoterapeuta (dance therapist que é uma profissão popular nos USA) deve ser essencialmente um terapeuta que tem de saber de dança, mas cuja formação não se pode esgotar nos seus conhecimentos de dança. Um produtor de dança ou um animador de dança têm de ter conhecimentos de dança, mas a “sua” profissão será essencialmente centrada nos conhecimentos nas áreas da produção de eventos ou na animação cultural. Se quiserem um paralelo, corresponde à pergunta, quem deve gerir os hospitais? Um gestor ou um médico. E as escolas, um gestor ou um professor? “Algo no meio” dizia eu há uns anos quando estas questões se discutiam. Escolham as pessoas certas em termos de motivação forneçam-lhe a formação adequada.

Deixámos para o fim, a mais frequente das profissões ligadas à dança, com direito a participar no catálogo da CPP/2010: professor de dança. O meu raciocínio não se altera. Os conhecimentos específicos de dança (conhecimento técnico e artístico) são manifestamente insuficientes. A formação pedagógica e a formação nas chamadas ciências da motricidade humana são imprescindíveis para termos um professor e não um mero instrutor. E como temos fartura de instrutores continuamos a precisar de professores de dança.