A iniciação pelas técnicas

Oportunidance Oportunidance Source: Wikipedia

A corrente mais utlizada na iniciação à dança é pelas formas de dança ou dito de outro modo, pelas técnicas de dançar.

As pessoas tomam o seu primeiro contacto com a dança através de uma das suas formas (ballet, hip-hop, tango, etc.). Esta abordagem de iniciação pelas formas ou pelas técnicas, tem algumas vantagens e outros tantos inconvenientes. Ao escolhermos uma forma, seja ela qual for, fica mais fácil a delineação dos conteúdos programáticos, que consistirá essencialmente na transmissão do vocabulário específico dessa forma de dança, das habilidades técnicas que fazem parte do seu património. Todo o processo pedagógico que inclui a operacionalização de objetivos, a identificação das progressões, a construção das unidades didáticas, os parâmetros de avaliação e mesmo os estilos de ensino utilizados, ficam de certo modo facilitados e isso é vantajoso relativamente a outras abordagens. Mas as desvantagens desta aproximação na fase de iniciação também são consideráveis.

Desde logo, porque não existe uma forma que possa ser considerada melhor que outra. Começar pelo ballet? Tango? Sevilhanas? Contemporânea? Hip-hop? Será que escolhendo uma forma em detrimento das outras ficamos bem servidos? Por outro lado, como o tempo não é elástico e a oferta também não é abundante nem diversificada a escolha acaba por se reduzir a uma atividade. E praticando só uma forma fica mais fácil cair na tentação da especialização precoce. Faz lembrar aquelas crianças que só jogam futebol e nunca chegam a futebolistas. Ou que só fazem ballet e nunca chegam a bailarinas.

O desenvolvimento multilateral permitirá mais sucesso na hora de escolher uma especialidade para investir a tempo inteiro. A aplicação de programas de treino às crianças e aos jovens, que são uma fotocópia do que fazem os adultos, tem consequências negativas a nível físico, mental e emocional. A especialização numa determinada forma de dança não deve acontecer antes dos 11-14 anos, pelo que realizá-la aos 3-4 anos deveria ser considerado um crime. Até lá o desenvolvimento deve ser multilateral, proporcionando o máximo possível de experiências motoras diferentes.

Com a tónica na técnica, na imitação de padrões de difícil execução para um iniciado, em que o erro (a distância entre o executado e o modelo) será naturalmente frequente, corre-se o risco de desmotivação e da desistência. Por outro lado, existe uma grande distanciação entre o que normalmente se realiza nesta abordagem e o que pode ser considerada uma prática criativa, em que se faz apelo à imaginação. Existe uma diferença enorme entre pedir a alguém que copie um modelo (primado da técnica), que faça de uma determinada maneira e apenas dessa maneira, e o incentivo a fazer de qualquer maneira, ou seja, em que não existe certo nem errado, em que fazer de forma diferente será mais premiado do que repreendido. O estilo de ensino de descoberta-guiada talvez seja mais adequado para a iniciação que o estilo por comando normalmente utilizado na abordagem pelas formas ou técnicas de dança.

A prática de uma única técnica, o mais comum, coloca ainda o risco de aprendermos muito bem um determinado skill, uma habilidade como um passo ou um salto muito específicos e estarmos ainda muito longe de podermos dizer que sabemos dançar. Aqui aplica-se bem o provérbio chinês que afirma “se quiseres matar a fome a alguém não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar”. Aprender a dançar envolve mais do que a aprendizagem das técnicas, sendo necessário encontrar um equilíbrio entre todos os fatores que podem contribuir, a par da técnica, para o sucesso nesta atividade.

Concluindo, não se propõe uma rejeição das técnicas per si, mas apenas na fase de iniciação, em que os conteúdos devem preparar o corpo para a técnica, em que ainda é cedo para o rigor, para a repetição exaustiva, para a correção detalhada. A disponibilidade para o movimento apresentada pela maioria das crianças deve ser aproveitada para a apresentação de múltiplas maneiras de mover o corpo num ambiente lúdico, capaz de manter o entusiasmo genuíno pela dança.

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