Palavras da Dança

Palavras da Dança Wikipedia

Por vezes parece existir alguma competição sobre o poder ou o potencial comunicativo da dança versus a palavra.

 

Saber se uma imagem vale mais de mil palavras ou se as palavras permitem ir mais longe do que muitas imagens, será uma questão eterna, insolúvel. Por isso deverá ser relativizada: por um lado, existem imagens muito poderosas e por outro, palavras (frases, expressões) igualmente muito, muito fortes. Por vezes ganham as palavras, outras vezes ganharão as imagens. Nesta falsa competição, a dança estará definitivamente do lado das imagens, utilizando o corpo e o movimento para substituir as palavras, para que as imagens criadas sejam suficientes por si, não precisem de mais explicações e por isso possam valer mais que mil palavras.

Contudo, a dança não deixa de  utilizar a comunicação verbal nas suas atividades, privilegiando algumas palavras e outras tantas expressões. Essa utilização é particularmente evidente na transmissão oral das danças, na esfera social da dança ou no processo criativo que leva à criação de obras coreográficas.

Por exemplo na esfera social da dança são frequentes expressões como: Vamos dançar? Danças comigo? Eu não sei dançar! Eu não percebo nada de dança! Eu faço dança! Que dança é que tu fazes? De que dança gostas mais? Para o projeto Oportunidance realizámos alguns vídeos que visam ilustrar essas expressões, como por exemplo o Vamos dançar! ou o Só danço samba!

Em situações de transmissão ou de criação coreográfica em que não existe recurso à imagem como nas aulas ou nos ensaios, é natural a utilização dos verbos que identificam o movimento. Por exemplo: salta no lugar, um passo para a esquerda e fica em equilíbrio; um passo para a direita outro para a esquerda e rodas sobre o pé direito. Os adjetivos e os substantivos também surgem amiúde, para ilustrar o que se deseja (e fica firme como uma estátua, por exemplo) ou para dar feedbacks (Boa! Fantástico! Não era bem isso! Estás quase lá!)

Depois existe um conjunto de termos técnicos, específicos de cada género e estilo coreográfico, que identificam as ações motoras e facilitam a comunicação. Pliés, ronds de jambe à terre,  battements tendus, petits battements sur le cou-de-pied, arabesques, pirouettes, tour en l’air, são apenas alguns dos termos que os praticantes da dança clássica teatral ocidental (ballet) utilizam para identificar conjuntos de movimentos muito específicos ou poses precisas. Outros géneros e estilos coreográficos, das danças de salão ao hip-hop têm também o seu jargão técnico que identifica os gestos e principalmente os passos. Quem não conhece o moonwalk, popularizado por Michael Jackson num videoclip?

Termos em francês, em inglês na sua maioria, mas também em espanhol quando se trata de danças como o flamenco ou as sevilhanas ou em português quando se trata de identificar os passos de um vira, de uma chula ou de um malhão.

Podemos dizer que essas são as palavras da dança, o seu vocabulário próprio, sendo que a cada termo ou expressão verbal corresponderá um determinado gesto técnico, uma ação motora que os praticantes de cada forma de dança são capazes de identificar nos pormenores do padrão motor e de os reproduzir sob a forma de movimento.

Em síntese, a dança no seu uso parcimonioso das palavras, criou algum vocabulário próprio, termos que ajudam a identificar o repertório motor, a ilustrar uma imagem de movimento, a nomear um aglomerado de movimentos anatómicos (flexão, extensão, adução, abdução, rotação, etc.), facilitando a comunicação entre coreógrafo e bailarinos, entre professor e alunos. O resto é linguagem do dia a dia, usada pelo comum dos mortais.

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